domingo, 14 de junho de 2015

Mais vale um pássaro na mão do que dois voando?

Eu sou uma dessas que sempre repetiu o dito popular:
"Mais vale um pássaro na mão, do que dois voando".
Então, por tempos, me fiz pássaro. Mas não pássaro que voa. Lutei, briguei, implorei, chorei pra ser pássaro na mão. Tudo bem até se tiver de dividir a atenção com outros pássaros - mesmo aqueles passageiros, que voam em volta da gaiola, como quem quer entrar - afinal, qual é mesmo o problema? O importante é garantir estar na segurança da gaiola. A segurança de receber algumas migalhas por parte de quem "cuida" quando se lembra. 
Ensaiei alguns vôos. Mal sucedidos. Era pássaro que não tinha aprendido a voar. Era pássaro que tinha medo de voar. As asas enfraquecidas pela falta de prática, a queda era sempre dolorosa. Logo, era de se esperar que sempre voltasse, ainda que machucada, ao conforto ilusório da gaiola. Não tinha cura. Não tinha tratamento, nem sequer paliativo. Deve ser frustrante ter um pássaro na mão aos frangalhos: não voa, não canta, não entrete. Há pássaros mais bonitos e que dão gosto de exibir aos demais.


A frustração foi mútua. Era eu um pássaro na mão, mas não era inteira. Sabia que tinha asas, mas não tinha idéia de como usá-las. 
Foi então que outro pássaro - este sim, pomposo, saudável - chamou a atenção de quem guardava a gaiola no porão. A gaiola foi levada à mais ensolarada janela, com lindo pássaro dentro dela, que encantava a todos que por ali passassem.
Desta vez, sem piedade, fui empurrada pra fora do abrigo, ouvindo a voz da mão que me segurava dizer que eu deveria tentar voar e ser feliz. Eu já não era mais o pássaro por quem se encantara há tempos atrás.
O canto havia virado choro; as penas haviam perdido o brilho e a cor; e nem mesmo as migalhas eram capazes de alegrar como antigamente. 
Estava destinada a aprender a ser pássaro que voa.
Ora, vejam... Que presente! 
O início é sempre díficil, quedas constantes. "Que vergonha não saber voar". 
Olhei para os lados. Muitos outros pássaros também partilhavam do mesmo drama. Alguns pediam a Deus que encontrassem logo outra gaiola. "Que vergonha que nada, a gente pode se ajudar".
Aos poucos, vou recuperando o brilho e cor. Meu canto, sempre tão envergonhado, se solta quando sente segurança em si.
Quanto ao vôo... Ainda estou aprendendo. E como tem sido lindo! 
É preciso força pra bater as asas e ascender. As quedas ainda são frequentes, a conquista do alimento não é simples... Mas tenho asas. Porque inutilizá-las em troca de ser menos que pássaro que voa?
Agora vocês me perguntam: Quer dizer que você nunca mais voltará a habitar uma gaiola?
E a isto vos respondo com segurança: este seria meu pior pesadelo.
Pássaro feliz é mesmo o pássaro que voa.
Se algum pássaro quiser me acompanhar pelo caminho, que privilégio! Dividiremos a dificuldade de encontrar alimento, bem como o prazer de nos alimentarmos juntos. E, se em algum momento, quisermos explorar diferentes correntes atmosféricas, que cada um siga seu próprio caminho. Sem amarras. Somos pássaros. 


Finalmente, hoje penso: não sei se vale mais um pássaro na mão ou dois voando... Só sei que quero ser parte do segundo grupo.

Obrigada a todos pela leitura.
5 anos depois e... tô de volta! :)

Beijinhos
Luiza

Fonte das imagens: Google.

domingo, 27 de junho de 2010

Felicidade

E então, sonhei tanto com aquele momento.
Torci, chorei, esperei... E ele simplesmente chegou.
Mas, o que falta pra tudo ser completo? Sei lá, o que é que falta pra não sentir mais esse vazio?
Antes, parecia que faltava justamente aquele momento chegar pra que eu fosse feliz.
É isso. Felicidade. Essa é a palavra.
Aliás, do que depende a felicidade?
Como sabemos quando ela chega? Se ela chega? Como saber quando se é feliz?
Sonhamos, esperamos e esquecemos por muitas vezes que a felicidade não deve ser um ponto de chegada, mas um estilo de vida.
Ouvi uma vez que sonhar é lindo, mas não enche a barriga. Acho que viver é isso, é ser realista, é saber que temos obstáculos e que devemos superá-los a fim de perseguir nossos sonhos. Mas não condicionar a nossa felicidade a eles, muito pelo contrário, devemos fazer da busca pelos nossos sonhos um caminho feliz. Com dificuldades, até porque do que adianta viver sem encontrar dificuldades pelo caminho? Como eu já disse muitas vezes, são essas dificuldades que nos levam ao aprendizado e o aprendizado à evolução.
Bom, e ao que se deve a sensação de vazio?
Essa sensação encontraremos sempre que criarmos tantas expectativas em torno de uma situação que, quando tal chega e não corresponde às nossas expectativas, nos decepcionamos. Afinal não é daí que vêem as decepções? Das expectativas de ser feliz no futuro, esquecendo de ser feliz agora?
Ser feliz em um sorriso, ser feliz com uma música, ser feliz com o trânsito engarrafado, com a dor de ouvido, com a sensação do vento tocando seu rosto ou a chuva molhando o cabelo...

Então, o grande lance não é esperar pela felicidade. É vivê-la. É ser feliz.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Dica Musical

Bom, conheci duas pessoas por acaso já algum tempo e descobri nelas dois maravilhosos cantores. A primeira, a incrível Aíla Magalhães, além de ser uma fofa, traz fusões únicas das nossas raízes paraenses com sua voz leve e viciante a la Adriana Calcanhotto - se me permitem a comparação. Então vai aqui pra vocês uma provinha do que é essa nova referência em música paraense (retirei essa caixinha musical -simplesmente genial- do blog "som do norte" que vocês conferem aqui)

Som do Norte


O outro, é o querido Caio Martinez, sambista lá de Porto Alegre com uma alegria e gingado únicos. Não tive a oportunidade de conhecer o seu trabalho quando estive em PoA, mas quando retornei, uma amiga me mostrou o quanto vale a pena dar uma conferida no seu trabalho. Então confiram aqui vocês também o trabalho dele, sei que não se arrependerão.


Estou de saída agora, depois coloco mais novidades!
beijões!

terça-feira, 15 de junho de 2010

Quando o orgulho não é legal...

Trim. Trim.

- Alô?

- Oi... Tudo bem? Uma voz um pouco rouca e desanimada se manifesta do outro lado da linha telefônica.

- É... Tudo bem, sim, mas quem tá falando?

- Nossa, já esqueceu da minha voz, é? (Risos) Você não tem jeito mesmo, hein?

- Gente! Será possível? É você mesmo? Mas... Porque foi que você sumiu? Nunca mais me ligou, desapareceu, não deu notícias. Bem, pensei que você não quisesse mesmo mais saber de mim. Respeitei sua decisão e não te procurei mais. Mais de dois meses se passaram. Você deve estar levando a sua vida muito bem, hein?
(Risos) Deve ter ganhado na loteria, sei lá... Gente rica esquece mesmo de nós, humildes mortais.

- Pois é, ninguém mais me procurou... Nem você, nem nenhum de nossos amigos... Fiquei me sentindo só...

- Eu disse mesmo que você não queria mais saber de ninguém
(Risos) Interrompe a moça, sem que a pessoa do outro lado da linha tenha a oportunidade de continuar. Talvez você tivesse encontrado amigos mais divertidos... Bom, o que quer que tenha sido, tenho certeza que você está bem e nós também estamos!

- Não sei porque foi que você falou isso... Sabe, tava com aquelas complicações de saúde, sei que estive ausente... Na verdade, essas complicações se agravaram, acabei tendo de me ausentar completamente dos meus afazeres, de todas as pessoas.. Além de tudo, ainda tinha de conciliar com alguns outros problemas que estava enfrentando. Infelizmente, não tive oportunidade de compartilhar com você as minhas angústias antes que elas tomassem conta por completo do meu tempo.

- Porque foi que você não falou? Nós nunca saberíamos pelas coisas que você tá passando... Acreditei mesmo que você não quisesse mais nos ver... Aliás, todos nós também passamos por problemas graves nesse tempo...

- Não avisei logo porque pensei que vocês estivessem ocupados demais para mim...
Mas vamos esquecer tudo isso e bola pra frente né?

- É sim, obrigada por ter me ligado, vou lhe fazer uma visita tão breve quanto for possível. Lhe estimo as melhoras, viu?


- Tá certo, te espero. Beijo...

- Pode esperar mesmo. Tchau.


O exemplo pode ser bizarro, mas... quantas e quantas vezes não ficamos a ponto de perdermos pessoas importantíssimas pra nós por simples orgulho? Sim, orgulho. Orgulho por motivos que nem mesmo nós conseguimos definir. Orgulho por julgar e encarar uma situação de uma forma diferente da qual ela realmente é e deve ser encarada. Deixemos de perder nosso tempo nos preocupando com as coisas como "devem estar acontecendo" pra nos preocupar com as coisas como elas realmente são. Aliás, esqueçamos as preocupações e passemos às ações. Não nos percamos mais por não saber perdoar (por mais que seja difícil).

Beijos saudosos.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Diário de Bordo III - A Carta


Porto Alegre, 16 de maio de 2010


Oi você, lhe escrevo de longe.
Lhe escrevo de longe, porque sinto sua falta. Aliás, "de longe" sempre estivemos, não é? E ao mesmo tempo, muito perto.
Lhe escrevo de longe, porque talvez não tenha conseguido falar tudo o que quis quando estive por perto.
Lhe escrevo de longe, porque é assim que consigo me expressar. Por que é assim que consigo dizer o quanto você tem me feito bem desde que nos conhecemos. Se lembra quando eu disse que amor é dado de graça? Então, continuo a te amar simplesmente por te amar.
Saiba que se você estiver feliz, eu também estarei. E se estiver triste, daqui poderei sentir sua dor. E esta dor será minha também...

Hoje não sinto mais só a falta da sua voz, ou da sua risada. Hoje sinto falta também do seu sorriso único e sincero. Sinto falta do seu cheiro, do seu abraço. Sinto falta de segurar sua mão.
Sinto falta de alguns sonhos compartilhados, de histórias confidenciadas. Sinto falta da sensação de te dizer "oi", e até mesmo de quanto doeu te dizer "adeus".
Sinto sua falta, e a saudade já me mata. Não sei bem se é o frio ou a distância que mais me tortura.
Mas de uma coisa estou certa: guardarei pra sempre a lembrança de estar ao teu lado, na esperança de que este dia volte a existir. Sim, apenas um dia. 24 horas - quase que cronometradas - ao seu lado.

Ei, você... Te amo. Daquele jeito que não sei explicar - talvez nem queira - e que você também não entende.

Se cuida tá? Tô distante, mas tô presente.

"Das lembranças que eu trago na vida, você é a saudade que eu gosto de ter. Só assim, sinto você bem perto de mim. Outra vez."

Um beijo e um abraço bem apertado,

Luiza.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Diário de Bordo II - Dois Reais

Balneário Camboriú, 13 de maio de 2010



Se pudesse, teria chorado. Até poderia tê-lo feito, mas felizmente (ou infelizmente) não resolveria nenhum dos meus problemas. Há tempo de orar e há tempo de agir. Este certamente era o momento de agir.

Abri a porta daquele quarto de hotel, saí e girando a chave, me despedi do aconchego das cobertas, rumo ao desconhecido. Não... rumo ao desconhecido fiz desde o momento que pisei no avião.

Resolvi sair, me direcionei até a praia, que ficava a poucos metros distante dali. Andei até o final dela, observando as pessoas que estavam por lá. Parava de vez em quando e sentava para sentir a brisa leve do mar, ou simplesmente para ouvir o barulho das ondas quebrando naquele cenário paradisíaco.

"Mas que sede!", pensei comigo mesma. Logo mais a frente, avistei um quiosque daqueles que podemos encontrar aos montes na orla de Balneário Camboriú. Apenas um velhinho estava sendo atendido e saboreava uma deliciosa cervejinha à beira-mar.

- Oi, bom dia! Você tem água mineral?, perguntei.

- Com gás ou sem gás?, a pessoa que estava atrás do balcão me perguntou em resposta.

- Sem gás! disse eu, convictamente.

- Tenho sim. Dois reais.


"Dois reais? Mas por que tem de ser tão caro? Apenas uma garrafinha de água!!", pensei comigo, sem falar em voz alta. Bom, mas com a sede que eu estava, não pensei duas vezes. Abri a carteira, tirei a nota de dois e entreguei. Então disse educadamente:

- Muito Obrigada!

- De nada, não precisa agradecer! E erguendo os óculos de sol, fitou-me com olhos tão azuis quanto o céu maravilhoso em dia ensolarado naquela cidade.

Abri um sorriso quase que involuntariamente, peguei minha garrafinha de água e, indo embora, pensei: "Realmente, esses dois reais foram bem pagos".

A viagem tem me rendido bons textos, mas vou publicando aos poucos. Obrigada a todos pela leitura e pelos comentários! Até mais!

sábado, 15 de maio de 2010

Diário de Bordo I - O sorriso

Aeroporto de Congonhas, São Paulo, 12 de maio de 2010.

No começo, parecia uma saga.

-"Você fará uma odisséia", disse a moça do check in, "3 vôos, 2 longas conexões, quase 12 horas de viagem... Você tá preparada?!"

-"Tenho que estar, né?!", disse eu, rindo.

Bom, vale ressaltar que foi uma verdadeira saga. A segunda conexão, com mais de 3 horas de intervalo entre um vôo e outro foi uma experiência única. Mesmo que massacrante.
Talvez o ar completamente executivo do aeroporto, ou a frieza, a pressa das pessoas... Não sei o que realmente mais me incomodava. O local estava lotado. Um vai-e-vem danado de gente. Malas. Paletós. Pessoas. No desembarque, filas de pessoas com plaquinhas com alguma referência para o viajante que chegava. "Vivo empresa". "Sr. Fulano de tal". E mais tantas outras do gênero.
Não. Nenhuma estampava meu nome. Aquele nem sequer era o meu destino final. Apenas uma longa conexão.
Ao passear pelo aeroporto, vários notebooks abertos pelas mesas dos cafés e pessoas grudadas ao conteúdo exibido pelo monitor. Algumas outras pessoas em pé, conversando. A mãe segurando o filho enquanto conversava com alguém no orelhão. Gente chegando e contando como foi a viagem. Gente correndo, atrasada e apavorada com a possibilidade de perda de vôo.
E observando cada rosto, cada semblante que cruzava meu caminho, uma expressão (visivelmente a mais bonita do dia) me prendeu o olhar.
Foi apenas por um segundo. Até menos que isso. Centésimos de segundo. Profundos de tanta emoção que me trouxeram. Essa expressão, nesses míseros centésimos de segundo, fizeram meu coração pulsar tão fortemente e tão frequentemente que tive de segurar para que não saísse saltitando pela boca.
É isso aí. Pela boca. De onde veio o sorriso mais inacreditável que já vi e que transformou aquela troca de vôos em um momento único. Um belo e simples sorriso.
Mas se engana quem pensa que se dirigia a mim (ah! quem me dera que tivesse tido tamanho privilégio). Provavelmente estava apenas se divertindo com alguma coisa que foi dita ao outro lado do telefone, ou expressava simplesmente a felicidade por ouvir a voz de alguém especial.
Seja lá o que tenha sido, se pudesse, agradeceria o bem que o sorriso me proporcionou. Aliás, agradeço aqui (vai que num acaso do destino aquele belo sorriso se abra outra vez ao ler este agradecimento?! rsrs)

Muito obrigada por ter alegrado um pequeno instante da minha vida, belo sorriso. Certamente o mais belo que já vi em toda a vida, e que seria impossível de esquecer, mesmo que eu quisesse.

Beijos a todos!