sexta-feira, 21 de maio de 2010

Diário de Bordo II - Dois Reais

Balneário Camboriú, 13 de maio de 2010



Se pudesse, teria chorado. Até poderia tê-lo feito, mas felizmente (ou infelizmente) não resolveria nenhum dos meus problemas. Há tempo de orar e há tempo de agir. Este certamente era o momento de agir.

Abri a porta daquele quarto de hotel, saí e girando a chave, me despedi do aconchego das cobertas, rumo ao desconhecido. Não... rumo ao desconhecido fiz desde o momento que pisei no avião.

Resolvi sair, me direcionei até a praia, que ficava a poucos metros distante dali. Andei até o final dela, observando as pessoas que estavam por lá. Parava de vez em quando e sentava para sentir a brisa leve do mar, ou simplesmente para ouvir o barulho das ondas quebrando naquele cenário paradisíaco.

"Mas que sede!", pensei comigo mesma. Logo mais a frente, avistei um quiosque daqueles que podemos encontrar aos montes na orla de Balneário Camboriú. Apenas um velhinho estava sendo atendido e saboreava uma deliciosa cervejinha à beira-mar.

- Oi, bom dia! Você tem água mineral?, perguntei.

- Com gás ou sem gás?, a pessoa que estava atrás do balcão me perguntou em resposta.

- Sem gás! disse eu, convictamente.

- Tenho sim. Dois reais.


"Dois reais? Mas por que tem de ser tão caro? Apenas uma garrafinha de água!!", pensei comigo, sem falar em voz alta. Bom, mas com a sede que eu estava, não pensei duas vezes. Abri a carteira, tirei a nota de dois e entreguei. Então disse educadamente:

- Muito Obrigada!

- De nada, não precisa agradecer! E erguendo os óculos de sol, fitou-me com olhos tão azuis quanto o céu maravilhoso em dia ensolarado naquela cidade.

Abri um sorriso quase que involuntariamente, peguei minha garrafinha de água e, indo embora, pensei: "Realmente, esses dois reais foram bem pagos".

A viagem tem me rendido bons textos, mas vou publicando aos poucos. Obrigada a todos pela leitura e pelos comentários! Até mais!

4 comentários:

  1. e quando as sensações são gratuitas e marcam toda a sua existência? o dinheiro pode ser dispensado pra muita coisa. pena que a ele nos apeguemos pra tudo e nos privamos de tantos êxtases. ok, precisamos dele, sim, mas eu prefiro o êxtase.

    ResponderExcluir
  2. Concordo com você, Viv.. pena sermos tão apegados ao dinheiro. Quis dizer que os dois reais foram bem pagos, pq talvez se eu não tivesse parado naquela barraquinha e pedido a água, talvez não tivesse tido a ótima sensação de olhar dentro daqueles olhos azuis. De fato, as coisas mais recompensantes da vida são dadas, sim, sem a necessidade do dinheiro ser dado em troca. Mas ele é indispensável a muitas das outras coisas, infelizmente.

    ResponderExcluir
  3. só te digo uma coisa, eu ri. HEIUEHIEUHEIU
    é o tipo de texto que eu escreveria trocando o genero dos personagens ^^

    ResponderExcluir